29
jun
2020
O sol vinha descalço, Eduardo Rosal
Marcadores:
Literatura Brasileira,
parceria,
poesia,
Resenha
Nestes tempos tão difíceis e secos, de aridez de emoções e onde o silêncio não é mais um alento, a poesia tem sido, como dizia Quintana: “um gole d’agua bebido no escuro”. Poesia é o meu gênero preferido e receber o livro de Eduardo Rosal – O sol vinha descalço – foi um presente. Gostei tanto, que li e reli e fiquei com ele por uns dias, entre um poema e outro, entre páginas, com esses poemas me abraçando por dentro. Deixando que este sol viesse e me deixasse descalça também.
"O sol vinha descalço"
é o livro de estreia de Eduardo Rosal e foi vencedor do Prêmio Maraã de Poesia
2015. A poesia de Eduardo é leve e sonora. Palavra e silêncio caminham juntos,
ao mesmo tempo em que rompem paradigmas e modelos, num voo livre de versos e de
estruturas.
Seus temas permeiam a natureza, a
renovação, o amor, as sensações do corpo e da alma. As palavras escolhidas pelo
poeta acarinham-nos como se estivéssemos vendo uma linda paisagem. É grande e
potente a sua força imagética: “A memória é uma ilha/cercada de futuros”. Sol,
sombra, fumaça, são invólucros para o exercício de rememoração, além do
confronto com a divindade que nos marca com a morte: “A terra na mão/o menino
brinca/gerações/e gerações/o silêncio/sabe de cor//Terra—/memória/que não
esqueço/de apertar”.
Há suavidade em sua escrita, mas
também há a segurança de quem modela e alinha as palavras, que esculpe e talha.
“Há um deus que/me persegue/com a morte no calcanhar/numa esquina
qualquer/desiste/sem curvar a espinha/ao medo/me deixa passar/cede minha vez/a
outro deus/ (ou me ama?)”.
O livro está dividido em quatro
partes: Da costela do afeto, Caroço do Sol, Centauro e As Corujas de Minerva. Nestas, vamos sendo descalçados por vários
sóis diferentes, que nos revelam a força das coisas, a melancolia, o tempo, a
luz e a escuridão. É um livro para sentir, muito mais que ler, para aquecer
dias e noites, com o calor e a luz da poesia.
Tenho tido tão pouco ódio
que chego a ter medo
de não estar sendo
o mais humano que posso.
Sobre o autor:
Eduardo Rosal (Rio de Janeiro,
1986) é poeta, ensaísta professor, artista plástico e tradutor. Mestre e Doutor
em Teoria Literária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com
período de doutorado sanduíche na Université Nice Sophia Antipolis (UNS,
França). "O sol vinha descalço" é seu livro de estreia e foi vencedor
do Prêmio Maraã de Poesia (2015).
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