Batom no Dente, Maria Helena Mossé
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Resenha
Sinopse: A mulher e suas dúvidas, amores e dissabores. Batom no dente, livro de estreia da escritora e psicanalista Maria Helena Mossé, como o título sugere, traz uma galeria de personagens femininos em situações de insatisfação, inadequação ou expectativa. Afinal, o que querem as mulheres?, indagaria o fundador da psicanálise, Sigmund Freud. A autora não tenta responder, mas apresenta, através de sua prosa madura e elegante, rica em recursos narrativos, protagonistas de variadas idades e classes sociais – inclusive dois homens preocupados com o que as mulheres e os amigos pensam deles – que se inquietam, questionam e se movem em busca de realizar seus desejos. Como a moça do interior que ascende a dondoca na Barra da Tijuca e vai procurar a amiga que a desafia, a ex-esposa que finalmente se livra do jugo subliminar do ex-marido, a mulher casada e entediada que sai para passear com o cachorro numa noite chuvosa e vislumbra um grande amor.
O principal motivo que me levou a ler o livro de Maria Helena Mossé foi o fato de sua matéria-prima ser o feminino. Seus personagens são mulheres de todos os tipos e idades e seus dilemas, sonhos, desejos e vidas. Além disso, o gênero escolhido pela autora sempre me fascinou.
O conto traz essa brevidade e ao mesmo tempo exige uma proeza da narrativa para que você entre e saia daquela história e consiga absorve-la, senti-la, apreendê-la de modo satisfatório e convincente. Então, definitivamente, escrever contos não é uma tarefa fácil, ainda mais quando se é uma estreante, como é o caso de Mossé.
O livro nos apresenta 21 contos, distribuídos em 108 páginas. São contos curtos e nos trazem uma miríade de personagens femininos e um mergulho nas suas emoções cotidianas, seus anseios, frustrações, sonhos e memórias. A autora utiliza recursos diferenciados para fazer isso e ora encontramos uma narrativa em terceira pessoa, ora em primeira pessoa, ora descrições mais longas, ora uma narrativa mais enxuta.
Sua forma de escrever se diferencia como se diferenciam as histórias que ela conta. Isso traz para a narrativa uma vivacidade, um frescor e ao mesmo tempo uma complexidade em esboçar esses diferentes retratos. O livro é caleidoscópico, mas ao contrário do que se possa pensar, não temos aqui uma colcha de retalhos. Os contos se encontram e se comunicam, pois sabemos que o feminino que habita cada mulher é uma energia universal. Há um amálgama bem feito pela autora e embora eu tenha percebido isso no decorrer da leitura, ao terminar o livro a sensação foi de unicidade.
Os contos apresentam uma linguagem simples e fluida e que faz a leitura ser rápida, ao mesmo tempo em que evoca a reflexão, pois a sensação é de se ver em cada uma dessas mulheres. Gostei de todos os contos, mas me chamaram a atenção em particular: Dulcinéia, que apresenta o desespero de uma menina que perde sua galinha de estimação em meio ao trânsito; A Senhora de Preto, que fala de memória e infância; Entre Lençóis, que apresenta uma excelente metáfora para falar de mudança e da insatisfação e o conto que dá nome ao livro, Batom no Dente que enovela em suas palavras a maturidade, as memórias e a amizade.
Batom no Dente é um livro bonito também em suas formas, com papel pólen, boa diagramação e uma revisão caprichada, que não nos dá “sustos” no decorrer da leitura. A capa também acrescenta ao conjunto uma excelente apresentação, convidando-nos a descobrir quem é essa mulher, que não tem nome e não tem rosto, mas também nos espelha e nos reflete.
Sobre a autora:
Maria Helena Mossé nasceu no Rio de Janeiro. É psicanalista e artista plástica. Colaborou, mensalmente, com suas Crônicas do Rio de Janeiro para o site português Storm-Magazine. Coordenou por seis anos a Oficina da Escrita na Sociedade de Psicanálise da Cidade do Rio de Janeiro, onde fez sua formação psicanalítica. Este é seu livro de estreia.
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Mara, que interessante! Gostei bastante da sua resenha e da proposta do livro.
ResponderExcluirE fiquei mais ainda interessada em ler por ser um livro de contos. Estou querendo começar a ler contos. Leio muito pouco.
Vou incluir na minha lista.
bjos
www.jeniffergeraldine.com
Sou apaixonada por contos, Jen! E este livro é um delicinha...Você lê que nem sente. Vai amar! Beijos! ;)
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