• Home
  • /
  • Sobre
  • /
  • Blogs Parceiros
  • /
  • Resenhas
  • /
  • Contato
  • Lançamentos do Grupo Autêntica

    Olá amigos leitores, tudo bem com vocês?
    Depois de muito tempo longe, fruto da correria louca desta vida e de muito trabalho, cá estou eu para trazer as novidades do Grupo Autêntica para este mês de abril. Tem muita coisa boa: quadrinhos, filosofia, literatura e obras de referência! Vamos conhecer?

    Caixa O belo perigo e A grande estrangeira, Michel Foucault



    Conheci Foucault na época da faculdade de Pedagogia e foi amor à primeira vista. O cara é simplesmente demais e o seu legado traz base para a compreensão do mundo em que a gente vive nas suas mais variadas facetas. Dei pulos de alegria ao saber que a Autêntica traz agora duas das obras de Foucault que ainda não haviam sido publicadas no Brasil em uma bela caixa e uma apresentação fantástica, como a Autêntica tem feito em várias edições. 

    O belo perigo e A grande estrangeira não são textos filosóficos convencionais, têm a singularidade de proporcionar ao leitor uma rara chance de apreciar um dos maiores filósofos contemporâneos falando de si na primeira pessoa e de conhecer um pouco da sua relação com a escrita, a leitura e a literatura. A partir desses textos, manifesta-se um Michel Foucault até então invisível para os leitores, que certamente farão uma (re)descoberta da sua obra.

    A grande estrangeira traz registros de intervenções orais de Foucault, realizadas entre 1963 e 1970, que permitem descobrir seu lado leitor – voraz, exigente e brilhante –, além de sua complexa, crítica e estratégica relação com a literatura. Os primeiros textos são transcrições de dois programas de rádio transmitidos em janeiro de 1963, dedicados à linguagem da loucura, em que o filósofo cita Shakespeare, Cervantes, Diderot, Artaud, Leiris, Sade, entre outros, além de documentos históricos referentes às práticas sociais diante da loucura.


    Em um registro bem diferente, Foucault prolonga suas reflexões de A história da loucura – lançado originalmente em 1961 e reeditado em 1972 – e desenvolve a tese de que, no fundo, loucura e linguagem são contemporâneas, como que gêmeas. O livro contém ainda duas conferências: uma proferida em 1964, sobre linguagem e literatura, em que o filósofo disseca, esmiúça e penetra as diversas camadas da literatura, considerada por ele um fenômeno muito mais recente do que se costuma imaginar; e a segunda, de 1970, dedicada a Sade, em que demonstra que, para o “divino marquês”, em última instância, não apenas Deus, a alma, a lei e a natureza são quimeras, mas “o próprio indivíduo não existe”.

    O belo perigo é um pequeno grande livro que aborda a relação afetiva de Foucault com a arte da escrita – suas potencialidades, limitações e perigos. Uma entrevista conduzida brilhantemente pelo crítico literário da revista Arts, Claude Bonnefoy, em 1968, que destaca a faceta do Foucault escritor, pensador engajado e crítico permanente de seu próprio pensamento. A conversa não tem a pretensão de contemplar os livros do pensador, pelo contrário, a proposta do entrevistador foi que ela ficasse às margens dos seus escritos. No entanto, ao adentrar no território de sua trajetória intelectual, permite ao leitor descobrir a trama secreta por trás deles, o “avesso da tapeçaria”, o que vai dentro da “máquina” de escrever foucaultiana, que deixou marcas profundas na filosofia, na política, na psiquiatria e na estética (do século XX).

    Diz Foucault no início da entrevista: “Você me disse que não se trataria nessas conversas de redizer aquilo que eu já disse em outros lugares. De fato, acho que seria rigorosamente incapaz disso. Contudo, o que você me pede tampouco são confidências, não é minha vida nem aquilo que sinto. Seria preciso, portanto, que conseguíssemos encontrar uma espécie de nível de linguagem, de fala, de troca, de comunicação que não seja nem exatamente da ordem da obra, nem da explicação, nem tampouco da confidência. Então vamos tentar. Você estava falando da minha relação com a escrita.”

    Os lançamentos chegam às livrarias em uma edição especial, reunidos em uma caixa de luxo, e contam com textos de apresentação de Jean Marcel Carvalho, Philippe Artières (em O belo perigo), Judith Revel, Jean-François Bert e Mathieu-Potte Bonneville (em A grande estrangeira), além de notas dos editores que ajudam a compreender o cenário das intervenções do filósofo. A edição brasileira procurou manter as marcas da oralidade nos textos, que têm tradução de Fernando Scheibe, doutor em Teoria Literária pela UFSC e tradutor de obras como: O erotismo e A literatura e o mal e Teoria da religião, de Georges Bataille, Divagações, de Stéphane Mallarmé, Locus Solus, de Raymond Roussel, Ontologia do acidente, de Catherine Malabou, e (em parceria com Marcelo Jacques de Moraes e Caio Meira), entre outros.

    A literatura que não deve ser compreendida como a linguagem do homem, nem como a Palavra de Deus, nem como a linguagem da natureza, nem como a linguagem do coração ou do silêncio; a literatura é uma linguagem transgressiva, é uma linguagem mortal, repetitiva, redobrada, a linguagem do próprio livro. Na literatura, há apenas um sujeito que fala, um só fala, e é o livro […].
    Michel Foucault – A grande estrangeira

    Com minha escrita, percorro o corpo dos outros, faço incisões nele, levanto os tegumentos e as peles, tento descobrir os órgãos e, trazendo-os à luz, fazer enfim aparecer esse foco de lesão, esse foco de doença, esse algo que caracterizou sua vida, seu pensamento e que, em sua negatividade, finalmente organizou tudo aquilo que eles foram. Esse coração venenoso das coisas e dos homens, eis, no fundo, o que sempre tentei trazer à luz.
    Michel Foucault – O belo perigo

    Entre umas e outras, Julia Wertz


    Nesta inebriante graphic novel autobiográfica, Julia Wertz (criadora da cultuada HQ The Fart Party) documenta o ano em que decidiu ir embora de São Francisco, sua cidade natal, para ganhar as ruas desconhecidas de Nova York. Mas não se engane: esta não é aquela história manjada de redenção da jovem que supera todas as adversidades ou bobagens desse tipo. É um livro pra lá de engraçado – às vezes incisivo, é verdade –, repleto de ilustrações divertidas, de um humor ácido e de muita autodepreciação. De quadrinho em quadrinho, Wertz passa por quatro apartamentos toscos, sete empregos sofríveis, problemas familiares, viagens fracassadas e uma infinidade de garrafas de uísque.


    0 comentários :

    Postar um comentário

    Sua opinião para mim é muito importante! Deixe o seu comentário!