Incendeia-me, Tahereh Mafi
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Novo Conceito,
Resenha
Por Adriana Medeiros
Livro:
Incendeia-me
Título
original: Ignite me
Autor
(a): Tahereh Mafi
Editora:
Novo Conceito
Páginas:
384
Sinopse:
UM
DIA EU POSSO ROMPER
UM
DIA EU POSSO R O M P E R
E
ME LIBERTAR NADA MAIS VAI SER IGUAL
O destino do Ponto
Ômega é desconhecido. Todas as pessoas com quem Juliette se importa podem estar
mortas. Talvez a guerra tenha chegado ao fim antes mesmo de ter começado.
Juliette foi a única que restou no caminho d’O Restabelecimento. E sabe que, se
ela sobreviver, O Restabelecimento não sobreviverá. Entretanto, para destruir O
Restabelecimento e o homem que quase a matou, Juliette vai precisar da ajuda de
alguém em quem nunca pensou que pudesse confiar: Warner. Enquanto eles lutam
juntos para combater o inimigo, Juliette descobre que tudo que ela pensava
saber sobre seu poder, sobre Warner e até mesmo Adam era uma mentira.
Olá, queridos,
Olá, queridos,
Hoje vamos falar de
Incendeia-me, terceiro e último livro da trilogia composta por Estilhaça-me e Liberta-me,
da escritora Tahereh Mafi, iniciada em 2011. Se você ainda não leu os livros anteriores,
com certeza encontrará spoilers.
“Preciso
de ar. Preciso de um cérebro novo. Preciso pular de uma janela e pegar carona
em um dragão para um mundo longe daqui.”
Vamos encontrar
Juliette vivendo secretamente com Warner, já que ele a salvou após ter sido alvejada
por Anderson, o Comandante Supremo e pai de Warner. O mundo acredita que
Juliette está morta e agora, decidida a se vingar, é o momento ideal para
revidar o ataque de Anderson.
Mas Juliette acredita
que sozinha não será capaz de derrubar O Restabelecimento, e irá procurar a
ajuda dos seus amigos refugiados no Ponto Ômega mesmo diante da revelação que Warner
faz: o Ponto Ômega foi cruelmente bombardeado e ninguém sobreviveu. Assim lhe
resta apenas um aliado: o próprio Warner, que lhe revela os motivos pessoais
para odiar o seu pai e desejar, tanto quanto ela, a sua morte, além de lhe
mostrar o quanto ele pode ser confiável e adorável. Juliette passa a lidar com
mais uma dúvida: os sentimentos dela em relação à Warner.
“Estar
tão perto assim de você está provocando coisas em mim. Coisas estranhas e
irracionais e coisas que flutuam contra meu peito e trançam meus ossos. Quero
respostas e claridade e livro de revelações. Quero um balde cheio de sinais de
pontuação para finalizar os pensamentos que ele força para dentro da minha
cabeça.”
Na esperança de que
seus amigos ainda estejam vivos, em uma excursão às ruínas do Ponto Ômega, ela encontra
seu melhor amigo, Kenji, que lhe revela que apenas oito restaram. Entre eles
Adam. E é ai que o conflito começa. Apesar de terem terminado o namoro, não é
fácil para Adam ver Juliette tão próxima do grande vilão da história, o homem
que tentou matar todos eles. Mais difícil ainda aceitar a sua ajuda e proteção
e se aliar a Warner para lutar contra O Restabelecimento.
A autora nos surpreende
o tempo todo e está de parabéns por isso. Ela acrescenta novas nuances em cada
personagem fazendo com que as suas mudanças de comportamento e personalidade
sejam absolutamente aceitáveis e naturais. Acredito que Warner é quem mais surpreende,
ele deixa de ser apenas aquele cara frio, cruel, sarcástico para mostrar quem
ele realmente é derrubando todos os muros erguidos à sua volta para esconder
seu verdadeiro eu. E ele rouba a cena, esse livro é dele. Juliette amadurece
com o sofrimento e mesmo mantendo os pensamentos confusos, que foi o que me fez
apaixonar pela personagem, vê o mundo com outros olhos e toma atitudes
racionais e decididas.
“Tudo
o que quero dizer e tudo o que eu tinha desejado dizer começa a tomar forma,
caindo no chão e se erguendo sem jeito. Parágrafos e parágrafos começam a construir
paredes à minha volta, formando blocos e alinhando-se conforme encontram
maneiras de se encaixar, unindo-se e costurando-se e não deixando o espaço para
fuga. E cada pedacinho entre cada palavra não dita entra na minha boca, desce
por minha garganta e entra em meu peito, enchendo-me de tanto vazio que acho
que posso simplesmente sair flutuando.”
A narrativa continua em
primeira pessoa como nos livros anteriores, mas não há mais as frases riscadas
de Juliette, o que demonstra a evolução do personagem em relação aos seus
pensamentos conflitantes. Dividido em 78 curtos capítulos, com folhas
amareladas e uma diagramação perfeita, a
“Palavras,
eu penso, são criaturas muito imprevisíveis.
Nenhuma
arma, nenhuma espada, nenhum exército nem rei um dia será mais poderoso que uma
frase. As espadas podem cortar e matar, mas as palavras vão golpear e ficar,
enterrando-se em nossos ossos para virarem corpos mortos que carregamos para o
futuro, sempre cavando e sem conseguir arrancar os esqueletos de nossa carne.”
Incendeia-me é um livro
intenso e cheio de reviravoltas. Se você achou que teríamos apenas ação durante
todo o livro, enganou-se. Somos presentados com um romance tórrido e com cenas
dignas de um bom hot. Não posso deixar de destacar a bela amizade entre Juliette
e Kenji, coisa rara em todos os tempos. Kenji que ganha espaço nesse livro
sendo um dos personagens essências para o seu desenrolar e grande mediador dos
conflitos que surgirão ao longo da narrativa.
Lamento apenas que a
batalha final tenha sido tão simples, rápida e sem grandes heróis (me recuso a
falar mais sobre isso!!!). E senti falta da presença doentia de Anderson.
“Como
você pode liderar uma nação no caminho certo se simplesmente massacrar todos os
que se opõem a você? Como isso vai torna-la diferente daqueles que derrotou?”
Tahereh Mafi é uma
escritora fantástica, ela consegue envolver o leitor de tal maneira que você
passa a odiar quem a Juliette odeia e amar quem ela ama, e quando os papéis se alteram
você não sente dificuldade para mudar de opinião junto com ela. Ao longo da
história ela constrói e destrói personagens, sentimentos, relações, e a vida
cotidiana não é assim mesmo? Com uma escrita muitas vezes poética, metafórica,
mas muito simples e compreensível o tempo todo, é difícil não considerar toda a
trilogia uma obra prima das distopias.
Recomendo sim. Mas recomendo
que leia tudo, toda a trilogia. E te desafio a não se apaixonar.
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