Conversa de HQ #3: Cicatrizes, David Small.
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Olá amigos leitores, tudo bem com vocês?
Hoje eu venho falar de uma Graphic Novel que me despertou sentimentos densos, tamanha a magnitude da capacidade de expressar sentires que ela traz. Estou falando de Cicatrizes, do autor David Small. Uma historia autobiográfica que retrata o período que vai do 6 aos 16 anos do autor e sua vida na cidade de Detroit.
David relata com maestria fatos importantes e marcantes de sua infância e de uma estrutura familiar solitária e vazia, onde o individualismo era o ponto forte em cada um dos membros. Cada pessoa isolava-se em seus problemas, expressando os seus sentimentos da maneira que podiam ou sabiam. A mãe, extremamente sisuda e e mal-humorada, descontava a sua raiva nas paredes dos armários e nos utensílios domésticos. O pai, médico, expurgava suas dores em saco de boxe, no porão da casa e o irmão Ted batia tambor. O corpo de David expressava com rigor o que o coração não conseguia expressar e por isso ele estava sempre doente.
David Small, hoje |
O drama de David, assim como muitos dramas familiares que conhecemos, é o retrato da desestruturação familiar e do que a falta de amor pode fazer com as pessoas. Felizmente, apesar das cicatrizes, a história teve um final feliz pra David. Hoje ele é reconhecido pelo seu trabalho como autor e ilustrador de livros infantis. Já ganhou diversos prêmios de ilustração, como o Caldecott Medal, de 2001 ; o E. B. White Award, de 2007 e o prêmio de Melhor Livro Infantil da Revista Time de 2007.
Não posso falar aqui das ilustrações como uma entendedora do assunto, pois não sou. Comecei a aventurar-me pelo mundo das Graphics Novel a pouco tempo, mas os sentires despertados em Cicatrizes nos deixam muito próximos do autor. Senti uma forte angústia, peso, sobriedade. O drama de David nos é contado sem o apelo forte das palavras. São os seus traços, e o cinza das páginas que nos enlaçam e nos carregam pela mão. Os símbolos são usados pelo autor, que faz metáforas visuais belíssimas e muito tristes. É um livro que mais do que ser lido precisa ser sentido, percebido, absorvido. Recomendo muito!
P.S: O livro foi feito em parceria com a Leya Cult e Barba Negra e a tradução é de Cassius Medauar.
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