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  • O céu noturno em minha mente, Sarah Hammond













    Sinopse: Mikey Baxter tem 14 anos, mas muitas coisas o diferenciam dos outros garotos da sua idade. Para começar, o pai está na prisão e a mãe se recusa a falar sobre o assunto. Ele sabe que, de alguma forma, isso está ligado à cicatriz em sua cabeça e ao fato de ele parecer ter mais dificuldade em entender certos assuntos do que os outros. Quando um misterioso assassinato ocorre em sua cidade e Mikey é o primeiro a chegar à cena do crime, ele não sabe o que pensar. O que o levou até ali? Quem teria matado o morador de rua da cidade, que parecia nunca ter feito mal a ninguém? E quem era o homem caipira que estava nos arredores?



    Olá amigos leitores! Tudo bem com vocês? Venho trazer para vocês as minhas impressões de leitura de “O céu noturno em minha mente”, de Sarah Hammond. Este é um livro infanto-juvenil do selo Galera Junior, da Record e é o primeiro livro juvenil da autora. Eu gosto muito desse tipo de narrativa, pois embora sejam direcionadas a um público mais jovem, trazem reflexões que colocam muito adulto para pensar. Vamos conhecer um pouco mais desta história?


    Mikey Baxter é um garoto diferente, não apenas pelas limitações que traz devido a um acidente ocorrido em sua infância, como pelo seu contexto familiar. O pai de Mikey está preso e a mãe tem com ele uma relação mais distante, embora cheia de cuidados. Além das limitações cognitivas, que fazem Mikey parecer bem mais jovem do que realmente é, com um olhar mais inocente sobre o mundo, o acidente também deixou com ele um estranho dom, o que Mikey denominou de “Para-Trás”. Trata-se de uma capacidade de voltar no tempo, ao passado e ver coisas que já aconteceram. Estas lembranças não são apenas dele e muitas vezes refletem fatos que ocorreram quando ele não estava presente. São como flashbacks.

    O Pra Trás é minha especialidade: vem como um filme da vida real e me mostra coisas que já aconteceram mesmo que eu não estivesse lá na época. Mas é sempre uma surpresa: nunca sei que parte do Pra Trás virá. Tenho de tomar cuidado e não ir longe demais, porque às vezes há coisas que não quero ver. (p.13)

    É através destes flashbacks que Mikey vai juntando as peças para descobrir o que realmente aconteceu e o motivo do pai ter se afastado da família, o que o deixou uma cicatriz de presente, e que o fez testemunhar um crime. Toda a base narrativa do romance se estrutura nisso, nessa possibilidade de ir e vir ao passado que o protagonista tem. Durante a leitura eu me questionei até onde o “Para-Trás” era mesmo real ou até onde era parte de uma tentativa da própria mente de Mikey tentar apagar ou ocultar traumas que ele viveu no passado. Porém o desenrolar da narrativa vai nos mostrar um outro caminho, que eu deixo a cargo de vocês descobrirem.

    Mikey tem um melhor amigo e fiel companheiro, que é o seu cachorrinho Timmer. Mikey e Timmer são amigos inseparáveis. A relação que une os dois é marcada pela amizade e confiança. Mesmo assim, Mikey é um garoto solitário e por ser tão inocente ele termina se metendo em algumas encrencas. A autora explora com muita sensibilidade a incompreensão e a falta de solidariedade de algumas pessoas que buscam tirar vantagem das condições de Mikey.

    Embora alavancado pelo suspense e por um pouco de aventura, a narrativa de Sarah tem um lirismo bem específico e uma escrita rica nas construções que exploram a identificação do personagem e da realidade que o cerca. As complexidades do personagem são construídas com leveza, destacando-se sempre a inocência e o olhar puro com que Mikey vê o mundo. É um livro que fala de família, de infância, de solidariedade e acima de tudo, de amizade.

    A única ressalva que tenho é sobre o desencadeamento de algumas partes da narrativa que, vez por outra, a tornam confusa e cansativa. Contudo, isso não a descaracteriza como uma leitura sensível e emocionante, com uma riqueza e uma densidade que a faz diferente, rica e bela.

    Resenha originalmente publicada em: http://www.minhavelhaestante.com.br/2016/08/a-convite-ilmara-fonseca-o-ceu-noturno.html


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