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  • Eu é um outro, Hermes Bernardi Jr.

    Olá amigos leitores! Tudo bem com vocês? Agora que o carnaval já acabou e que, finalmente o ano se inicia, trago para vocês uma resenha de um livro fantástico e que me deixou pensativa por muito tempo. Eu é um outro, de Hermes Bernardi Jr, é um livro curto, apenas 80 páginas, mas de uma densidade e força muito grandes, com palavras que envolvem, emocionam e nos poem pra pensar. 

    Esta é a primeira narrativa juvenil do autor , onde ele nos  apresenta Eduardo, um adolescente doce, tímido e sensível que descobre o amor de uma forma bem sublime e este amor, não convencional ou comum, como o amor dos outros, termina deixando-o com questionamentos e perguntas não respondidas. Eduardo se apaixona por Manon, seu melhor amigo,  e descobre esse sentimento novo num  encontro  consigo através de Manon. É como se ele fosse um espelho onde Eduardo pudesse se ver e sentir-se ele mesmo, sem as fugas e amarras tradicionais. Sem os fingimentos da sociedade. Sem a inadequação de ser diferente de todos, de não ser igual a todo mundo. O encontro entre os dois é lindo! 



    Acontece que Manon tem uma namorada. Eduardo se sente aprisionado, quer expor o que sente, quer se mostrar, mostrar seu amor. Por vezes, ele sente a reciprocidade de Manon quando estão juntos e a interrogação que paira em sua cabeça é: "Será que ele sente do mesmo jeito que eu?". Mas e a presença da "outra"? Tudo fica pior quando Manon conta para Eduardo que irá viajar para com Clara, sua namorada. E as dúvidas e o sofrimento de Eduardo parecem ficar bem maiores do que já são. 




    O livro todo é apresentado numa narrativa desorganizada e fluida, como numa profusão de sentimentos, narrados por Eduardo para o seu psicólogo. A escrita de Hermes Bernardi é leve, bela, rebuscada. É uma prosa poética muito bem feita e estruturada. Retrata os sentires de forma intensa, verdadeira e profunda. É um livro que fica ecoando em sua cabeça depois que você termina de ler. Ele não se esgota nas suas parcas 80 páginas, pelo simples fato de continuar sendo inscrito e escrito dentro da gente. Confundindo também os nossos sentires e impressões. Os nossos eus e as nossas buscas pelo outro. 


    Hermes Bernardi encontrou a inspiração para este livro a partir da leitura de poemas e cartas de Rimbaud, um jovem poeta considerado maldito e que até seus vinte anos já havia escrito vinte livros de poesia, de quem o autor toma emprestada a frase que dá titulo ao livro. 


    Em tempos de visibilidade das diferenças, compreensão do outro e aceitação das diferentes formas de pensar, ser e se relacionar, Eu é um outro, é um livro que tem um papel muito importante - não apenas enquanto fruição literária - mas também como instrumento de formação, informação e poesia. 

    Super recomendo! 

    P.S: Esse livro foi gentilmente cedido pela editora parceira Edelbra, para resenha. 

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